domingo, 19 de junho de 2011

"No travesseiro, meus pensamentos são seus."



"Ele sequer imaginava, mas a primeira vez em que o viu, ela soube. Não com minúcias nem em detalhes, apenas uma alusão ao que poderia acontecer. No mais, foi a eventualidade que se encarregou da iminente aproximação. Natural e espontânea, tanto que passou despercebida. Tornou-se evidente apenas quando se encontrou irreversivelmente significativa." 





09:48 da manhã. Acho que ainda estou com sono, mas vamos lá escrever um pouco.




Acordei com uma sensação de que tu estavas aqui. Olhei pro lado da cama, mas não te encontrei. Revirei os lençóis à procura do teu cheiro, e me perguntei se eu estava dormindo e sonhando que tu tinhas sumido. Mas a lucidez me veio e vi que estava mais do que acordada. Fiquei deitada um bom tempo, imaginando como tu estaria naquela hora, talvez dormindo com um anjo e fiquei pedindo pra que hoje tu não hibernasse como de costume. E por falar em sono, ontem o meu me apareceu, longo e tranquilo. Dormi contigo na cabeça e com tua voz nos ouvidos. Sonhei contigo, e acordei contigo, em pensamento. POR ENQUANTO, amor. POR ENQUANTO!


Sabe, foi um dos sonhos mais surreais da minha vida. No meio do nada, tu me apareceu. Me olhou, sorriu, e eu fiquei muda. MUDA. Você e o seu sorriso lindo, e eu e minha falta de palavras. Eu te olhava e você caminhava. Caminhava em minha direção e sorria. Falta de espaço, falta de frases, FALTA DE AR. Ai, meu Deus, me deixa viver agora. EU PRECISO MORAR, DORMIR E ACORDAR COM ESSE SORRISO. Esse sorriso lindo que duraria uma vida se você quisesse. E você não parava de sorrir e apertava os olhos, que de tão miúdos, sumiam. Grave! Seus olhos rasgados, me olhando. Seu sorriso de um minuto, dez anos, cinco horas. Você parou de repente e tudo em volta também. TU-DO! Parecia um filme, um filme que eu nem sabia a fala. Mas se bem que eu não tinha fala e você me olhava eu incansavelmente te olhava de volta. Vai, engole esse sorriso que não é seu, come as palavras dele, se alimenta. E lá estávamos nós, mudos. E nosso silêncio que tanto dizia.


07:01 Acordei.
Ah, quer saber o que eu penso? TE QUERO, E VOU TE TER!



"Amor não é só poesia e refrão. Amor é reconstrução. É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios."




[f.m adaptado]

sábado, 18 de junho de 2011

Sobre amor e libélulas.

Gente, mais tarde eu posto algo meu, tá? É que eu to sem cabeça pra postar...

Um dia desses estava escorada na janela de um hotel qualquer quando uma libélula pousou a poucos centímetros do meu braço. Na hora, eu não sabia ao certo se aquilo era uma libélula, ou uma cigarra, ou um inseto gigante qualquer. Nunca soube, e os poucos segundos que perdi tentando classificar o bicho foram suficientes para que ele sumisse. Bateu asas e escafedeu-se entre as árvores.
Eu tenho uma ligação especial com libélulas. Foi correndo atrás de uma que eu me estabaquei no chão, fraturando uma costela, perfurando o baço e sofrendo uma hemorragia interna que por pouco não me matou. Tinha cinco anos e, desde então, convivo com uma cicatriz que me atravessa o abdome, lado a lado. Tudo que eu queria era vê-la de perto, justamente para me certificar se o bicho em questão era cigarra, libélula ou “seja-lá-o-que-fosse”.
Se a necessidade de classificar uma libélula me rendeu duas semanas de internação, imagino o que me aconteceria se eu ficasse tentando classificar meus sentimentos. Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro. Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passatempo… Não tenho a mínima idéia, e nem quero ter! São inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar a todo minuto algo que, ás vezes, é simplesmente inclassificável pode resultar em muito mais do que um baço perfurado.
Ás vezes, perdemos a noção de que cada minuto da nossa vida pode ser o derradeiro, de que cada ligação telefônica pode ser a última, bem como aquela pessoa, de quem você ainda não sabe se gosta, pode ser o seu último romance.

Lulu Santos pediu, a gente obedece:
“Hoje o tempo voa, amor
E escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor

Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir!”



O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes. Corra atrás da sua libélula, sem medo de se machucar. Viva o seu romance. Viva o seu último romance.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Segunda pessoa do singular.



Eu tenho uma enorme necessidade de ter uma segunda pessoa, um ouvinte.
Às vezes eu amo estar só, minha própria companhia faz milagres.
Mas, tem vezes que tu precisa de alguém e tu não encontra...


Olhar pro lado e não ver ninguém ali pra te escutar, é você contra você. Seu coração contra a razão, sua dúvida obrigando tua certeza a render-se, e aquilo que é pra ser a tua força se torna irremediavelmente tua pior fraqueza... Sabe, não precisa concordar, tu nem precisa falar nada se não quiser falar. Só preciso saber que tu me ouve, se meu grito desesperado chega ainda com força aos teus ouvidos. Pra mim já bastava! Tô numa fase que não aguento mais o silêncio ecoando por essas paredes, criando uma espécie de muro que me afasta de todo e qualquer raciocínio lógico. Estou cansada de perguntas sem respostas, de dúvidas que tiram o meu sono. Poxa! As coisas seriam tão mais fáceis se o silêncio fosse quebrado nem que seja pela tua palavra mais tortuosa que chegasse rasgando o peito, que seja. Eu preferia sentir a dor de mil palavras do que a angústia infinita do teu silêncio.
Tira teus fones, e vem! Tô aqui... onde tu me deixou. Imóvel, esperando pelo teu abraço.


02:51 As olheiras me esmagam os olhos.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A onipresença da tua ausência.




23:12 p.m

O dia hoje foi entregue ao tédio. A manhã, a tarde e a noite renderam-se totalmente a quietude. 
Nem sei por quantas horas eu fiquei aqui sentada na escada olhando pra lua. Perdi as contas de quantas estrelas eu contei, e me fugiram os nomes que eu dei pra cada uma delas. E por incrível que pareça, o teu nome cada vez mais se repetia. Os únicos sons que eu ouvia era o reclamar dos grilos e o som baixinho da tua voz inteligível vinda do celular. 
A lua iluminava toda brecha da casa, todo o meu quarto... ela estava linda! Mal conseguia tirar os olhos dela pra dar atenção ao que eu escrevia.

23:26 celular quase sem bateria, tua voz parou.

Cada vez mais eu olhava pra lua, tentando admirar apenas o fato dela estar incrivelmente especial essa noite...mas ao invés disso só me vinha a tua figura  tão brilhante quanto a lua. Em toda parte  que eu olhava, no meu lado, na cama, na escada, e rasgando o céu em forma de estrela cadente.

23:36 celular grita pedindo socorro.

A lua foi escondida por um mar de nuvens cinzas. A noite escureceu como de costume, e eu não conseguia enxergar nada mais do que eu escrevia.

A lua sumiu, tua imagem ficou. E teu sorriso segue iluminado a cidade inteira!
Noite linda, tu me faltou. <3 Saudades cavalares de você!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Devaneio 1.


Arriscado é tu caminhar por uma estrada ainda em construção, sentir a trepidação a cada passada de perna, não enxergar o contorno que delimita isso daquilo. Tantos trechos partindo de um mesmo lugar que tu se perde na sinuosidade das curvas, na opção de bifurcações, na falta de sinalização. A gente quer é firmar os dois pés no chão e prosseguir com alguma segurança, sem medo. A gente espera tropeçar em algum tipo de evidência que nos indique se estamos mesmo indo pra algum lugar certo, o lugar que devemos estar. Mas, pra onde ir? 
Ter um objetivo muito claro, pode nos deixar momentaneamente cegos para todos os outros.

Eu sou aquela que monta um castelo nos alicerces das mais belas e puras expectativas, invejável por tamanha imponência. Ocultamente tão frágil, que desmorona com o sopro acidental da tua palavra mais torta, ou pela falta dela também.


Cá estou eu às 01:55 da manhã, sem sono e conformada com a tua falta de sinalização.
Au revoir.








[n.a adaptado]

terça-feira, 14 de junho de 2011

A bicicleta rosa.



Gente, um amigo me mandou esse texto, e eu achei bem mimo. Então, não sei quem o escreveu e tive a liberdade de dar uma adaptada nele, mas, enfim... mais tarde eu posto um meu. (:



- A "tristeza nada mais é que um pouco de ácido transfixado no cerebro", lembre-se disso! Repetia a mim mesma, incansavelmente. 

Então lembrei-me da pequena bicicleta rosa ceci que eu tinha quando pequena, o quão eu tremia em pensar que a partir daquele dia, não teria mais as pequenas rodinhas para manter-me segura... lembro também da mamãe segurando na cela pra que eu treinasse o meu equilíbrio, e o quanto eu pedia pra que ela não me soltasse. D
os primeiros tombos, dos incontáveis machucados, que jamais me fizeram desistir . Então um dia, eu consegui! Pedalei como nunca havia antes, e querem saber como foi? Era como...voar! Claro que caí outras inúmeras vezes, mas valia a pena por aqueles minutos de "vôo". Meu sorriso ia de uma ponta a outra do rosto, e a mamãe batia palmas de tanta felicidade. 


É como me sinto agora. As lágrimas secaram, não há mais dor de cabeça nem palavras amargas no ar. Dentro de mim só me vêm a figura da pequena menina e sua bicicleta rosa dizendo o quão bom era voar como um pássaro e sentir o vento frio beijar o rosto.
Para quem escrevo? Ou porque escrevo? Eu não sei, só sentei aqui e as palavras simplesmente fluiram. 
Uma vez lí a seguinte frase :" O tempo é um circulo fechado em sí mesmo e o mundo se repete infinitamente " Então cada novo dia é uma chance de recomeçar, e cabe apenas nós essa decisão.

E o meu dia está apenas começando.




segunda-feira, 13 de junho de 2011

E agora?


Só me diz que não demora.


Nunca pude me reconhecer tanto em uma outra pessoa e encontrar no que nos difere motivos que me façam incontestavelmente feliz. Sei que o que mereço está longe das migalhas com as quais muitos se acostumam, mas tanta intensidade chega, por vezes, a assustar. Não existe dor física, mas é a saudade que teima em latejar, incansavelmente. Não me falta sono e ainda menos cansaço, é a falta do teu corpo quente dividindo a cama que não para de me assombrar.
Já fui mais subjetiva, eu sei, mas hoje o amor me extravasa aos bolsos.







i know i can be close but i try my best to reach you



Obrigada por ficar. ♥

sábado, 11 de junho de 2011

Pshi.



                                           
Eu sei.



Na verdade sempre soube, na maioria das vezes sempre tinha em uma das mãos um remo, que não me servia de nada sem o outro. Porque quando tu usa um só deles, tu roda em círculos, tu não anda.
Em qualquer relacionamento há uma dependência, uma espera... não de um ''também'' logo depois de um ''Eu te amo", não é disso que eu falo. Ninguém precisa mendigar carinho, amor, atenção ou muito menos um ouvido pra escutar nossos lamentos. Ouvido esse que convive todos os dias com a própria boca, boca essa que sabe cuspir o que engasga quando precisa, mas que tem um ouvido que não desempenha o seu trabalho. E eu é que não sei por qual motivo.

Tá escuro, alguém por favor acende a luz?


P.S:Meu pré-dia dos namorados tá sendo como esperado: uma merda. Dia dos namorados, o que tu tens pra mim? Espero que algo melhor...

Dismantle. Repair.
Dismantle. Repair.
Dismantle. Repair.
Dismantle. Repair.
Dismantle. Repair???

Teu silêncio é mais alto que um tiro.


(A saudade é uma filha da puta que não respeita nada, senta na sua sala e fica olhando bem na sua cara. Pensando assim: “babaca”.)



                   Encheria meu quarto e o teu, se fosse sólida, a saudade

2h26. Deitada, olhando pro teto.

Ontem, antes um pouco do sono chegar, me peguei pensando em um turbilhão de coisas, como de costume, claro. Coisas feitas, não feitas, pendentes, procuras e esperas. 
Entre um devaneio e outro, olhava pro celular, na espera de que algo chegasse, qualquer sinal. Um "oi", um "desculpa", um "esqueci" que seja. Mas, nada chegava. O sono não vinha, o cansaço tomava conta de cada parte do meu corpo, e os pensamentos cada vez mais borbulhavam misturados, embaralhando todo e qualquer raciocínio.

3h45 da manhã, e eu ainda não havia dormido.

A questão é que a gente não precisa procurar por "nada",o "nada" nos acha no momento em que a gente nem se quer lembra de começar a procurá-lo, e assim se faz um "tudo". A gente não se encontrou, gente se colidiu. Somos um trágico e monumental acidente de trânsito onde tudo faz sentido -ou quase tudo. Cada barra de aço retorcido que me cutuca por dentro os pulmões quando estou apenas tentando respirar parece ter lá sido colocada por divina providência.

4h05 O sono chegou, o teu sinal não. Dormirei.


A vida não é feita de procuras. E sim de longas salas de espera.

No words.





Preciso de foco, eu sei. Mas ainda preciso saber o que é que eu quero enxergar.

E, à noite, isso se torna ainda mais difícil, bem mais difícil. 
Mega-ausência.Joga fora tuas armas. Meu corpo conhece muito bem cada um dos teus golpes. E eu não hei de me ferir.Não agora.Não de novo.





Saudades dos textos grandes? O que eu quero dizer agora não cabe aqui. 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Algumas Canções.





Um dia desses, eis que me invade os fones uma melodia nova. Eu jamais poderia dizer o próximo acorde que viria, pois tudo se desdobrava nos mais intrincados trechos, novas partes, em andamentos diferentes, mudando a cada maldito compasso. Em versão resumida: não consegui te decorar, não sei te tocar, e me pergunto algumas vezes por dia quando é que vou ouvir novamente, essa canção. Amanhã, pode ser?

Tá.


Sabe quando teu peito se enche de felicidade só de escutar aquela voz? Aquela voz que tu sempre escutou, de longe, quase que ilegível. Mas, que hoje te invade com uma tamanha e indestrutível força, que não te dá chance alguma de tapar os ouvidos. E é uma felicidade absurda e inteira que se expõe em forma de um sorriso conciso e sincero, que o universo todo vê e inconscientemente compartilha de tamanho contentamento. Uma voz que tu espera o dia inteiro sem cansar, que te traz paz interior, que te faz imaginar mil possibilidades de trazê-la mais pra perto por tempo integral. É como uma nota que nunca morre, que quando pressionada é contínua e infindável, uma canção mágica. A música estava no ar o tempo todo, eu é que estava usando fones.



Passei o tempo todo despejando notas na tua melodia. Deixa que eu canto. Gostei de ti assim, instrumental.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

I want...



Quero o encaixe dos teus braços entrelaçando-se no contorno das minhas costas, tão forte, tão comprimido que eu consiga confundi-lo com um esmagamento acidental me tomando repentinamente o resto de ar dos pulmões. Quero sussurros repletos de promessas leais e substanciosas, feitos na companhia da meia luz, ao pezinho do ouvido. Quero que verse meu nome ligando-o a todas as palavras bonitas que vierem espontaneamente à sua cabeça. 
Que cante, sorria, que gargalhe até eu poder ver teus olhos sendo espremidos pelos vincos de felicidade que os enrugam. Que seja instantaneamente tomado por uma irritante felicidade, que nós consigamos nos fitar enquanto pronunciamos todos os adjetivos presentes no dicionário e, quando insuficientes forem, que inventemos mais uma dúzia deles, ou duas, ou três, ou quantas forem necessárias... que as sensações não consigam reprimir-se dentro de si mesmas e o impulsionem a gritar, a correr, e que correndo o teu caminho te dirija sem escalas em minha direção, trazendo consigo a peça que completa e dá sentido a esse imenso e, até então, indecifrável, quebra-cabeças.







"Eu sei que você tem medo de não dar certo
 Acha que o passado vai estar sempre perto
 E que um dia vou me arrepender...
 Eu quero que você não pense em nada triste
 Porque quando o amor existe, o que não existe é tempo pra sofrer."










[n.a adaptado]

terça-feira, 7 de junho de 2011

O que é seu encontrará um caminho pra chegar até você.



                                  Nem tudo é como a gente quer.

 No entanto, isso não quer dizer que não é tudo que precisamos. Muitas vezes, essas coisas que a vida nos coloca pelo caminho são bem melhores do que a gente esperava. Sabe, a hora mais bonita do dia é aquela em que o céu fica vermelho, e não azul. As mais belas noites são aquelas poucas em que a lua pega emprestada quase toda a luz do sol e a gente não precisa de lanterna pra caminhar no escuro. Exemplos não me faltam: a gente só ama o frio porque pode se envolver em mil casacos e cobertores, bem como agradecemos pelo escaldante sol de verão somente após mergulharmos num mar gelado.
Eu posso até não ser o que tu espera, mas a gente não escolhe o que quer sonhar quando coloca a cabeça no travesseiro. E que atire a primeira pedra quem não gosta de sonhar aqui. Eu posso não ser o que tu precisavas, mas a gente vive e morre sem saber do que realmente precisamos. Eu posso não bastar, então, que baste o amor. Eu posso não ser um monte de coisas, mas tenho certeza de tudo aquilo que sou: um céu vermelho, uma noite de lua cheia, um cobertor e um banho de mar, e tudo o mais que tu quiseres viver junto de mim.
E que passem os meses, e eu ainda estarei aqui à tua espera, ou estarei ai pra buscar meu abraço que eu deixei contigo. Não precisa ter medo, temos uma vida pela frente. Faz figa com a mão, vai dar tudo certo. Estaremos aqui, fortes.. quando tudo isso passar, quando tudo de ruim passar.

Enche teus pulmões, pois tu vais precisar de todo o ar que eles puderem conter.






"Deus não nos dá um fardo maior do que podemos aguentar."








[ls.adaptado]

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Engasgada.


Ainda escuto as palavras que você não disse e planejo respostas irrecusáveis. Continuo podendo sentir o teu toque quando ele não conseguiu me alcançar. Não tenho dormido à noite na procura, incessante, pelo sentido em tantas frases pendentes. Quantos fins de tarde senta-se em frente à tela pálida do computador com o pensamento borbulhando em idéias e o que lhe falta é discernimento pra saber o que pode ou não escrever, mesmo sabendo que precisa escrever pra se ver livre dessa sensação. Quantas vezes encontra o mundo todo em uma surdez burra e suas angústias são outra vez trancadas naquela mesma caixinha apertada. Novamente a multidão de caráter e idéias tortas a faz calar. O desabafo chega até a ponta da língua e logo é obrigado a ser engolido como quem engole a seco uma melancia. Depois o que lhe resta são os questionamentos, uma série infindável deles que têm a árdua tarefa de perguntar, perguntar e não dar absolutamente nenhuma resposta.Trouxa que sou, deito e, antes de dormir, te peço de presente pro universo.


"O acerto é como um tiro no escuro." 

Morfina








Quando lutamos contra nós mesmos, somos os únicos a colecionar feridas. Até que ponto vale a pena optar pelo caminho da menor-dor, do baixo risco e do conforto calculado? Você grita para si mesmo com tanta força essa mentira, que acaba por não ouvir o peito clamando por um segundo de atenção. Mas eu consigo ouví-lo, quando ele encosta no meu, e sigo aguardando o dia em que a tua garganta, de tão rouca, deixe chegar aos teus ouvidos o que para mim fica claro toda vez que teus olhos fecham antes dos meus: é recíproco.
É o que você sempre diz, mas eu ainda não me acostumei a você. Por isso que eu sempre volto, mesmo quando a minha autoestima implora para que eu espere por um sinal teu. Teus sinais (talvez) foram dados, nós é que falamos línguas diferentes, quando o assunto é sentir e expressar. E assim eu sigo, tirando da tua boca frases impensáveis, do teu peito, o calor que eu preciso e, da tua vida, tudo que vai de encontro aos teus planos de não me deixar entrar. Aluguei um espaço no teu pensamento e me sinto confortável aqui, embora nada me garanta que eu não possa ser despejada. Se for pra ser, que assim seja: o frio da rua é mais confortável do que um lar onde já não nos querem como inquilino. E faz tempo que eu me mudei, jogando fora as chaves de uma antiga morada.
A vida ensina, a gente aprende. No entanto, isso não quer dizer que não devamos, às vezes, desobedecer as leis que nós mesmos criamos. Cansei de lutar contra mim mesma, pois já me cobrem o corpo feridas em diferentes fases de cicatrização. Aqui estou, pronta para me aplicar com mais algumas doses cavalares de você, se assim me permitir. 
Viver é perigoso. 


"O mundo é veloz, cruel, e cheio de arestas. Só está a salvo quem está morto.".








[ls. adaptado]

domingo, 5 de junho de 2011

Amarras.







Acorrentei os pés firmes e rentes à terra, convencida de que isso bastaria. quando voltei o olhar para o alto, eu vi que o mais novo inquilino das nuvens era então o meu próprio pensamento.Emancipado e destemido pensamento. Na vontade dele nem eu mesma fui capaz de exercer controle. 


E agora?




Só me diz que não demora.
Depois de voltar ao saguão pude me escutar durante um longo suspiro ''socorro." Surpreendida por um súbito surto de tristeza, torno-me, novamente, escrava dessa imensa sala de espera. 



Oscilando.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Novo.



Eu não estou aqui pra ser mais um capítulo insignificante no teu livro de contos. Já passei por tantos livros com capítulos mal-escritos, que hoje eu me encarei no espelho antes de te falar sobre o que me angustiava nesses longos sete dias de espera. A distância que existe entre nós é tão perturbadora que eu tenho medo de imaginar o que existe em jogo aqui. A folha está em branco à tua espera pra tracejar a primeira linha. Cabe a mim administrar na cabeça a responsabilidade de ter todas as fichas apostadas, cabe a ti pegar na minha mão e jogar os dados, se tu quiseres, se teu medo deixares tu explorar esse caminho.
O sentimento que eu borrifo em forma de palavras escritas - nesse humilde e medroso esboço - abre espaço no meu peito pro que é novo. Por vezes me pego falando sozinha, perguntando a mim mesma até quando vou prender esse sorriso que me rasga a face de uma ponta a outra, só pelo fato de tua janelinha subir anunciando que tu está online.Talvez se eu mostrasse tudo, talvez se eu tivesse perto...talvez se tu confiasse um pouquinho mais no que eu te falo, tu passaria por cima de algumas convicções. O caminho é agridoce, é frio e quente, e começa debaixo desses edredons dos quais a gente hesitará tanto em sair.


"A dor no peito daqueles que tiveram medo é infinitamente maior que a dor de quem tentou e caiu."

Enfim…
Ponto pra ti, e pra leve arritmia que me causa...às vezes... bem de vez enquando.






[l.s adaptado]